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Fechamento da maternidade da Casa de Saúde superlota o Husm

Camila Gonçalves

Foto: Lucas Amorelli (Diário)
Em dezembro, o número de partos por mês foi o dobro da média de 2017

Uma crise que parecia ser temporária já completa dois meses no Centro Obstétrico do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Desde o fechamento da maternidade do hospital Casa de Saúde, em novembro de 2017, a equipe opera sob pressão por conta da superlotação ocasionada pela demanda extra. Os 10 leitos disponíveis cumpriam só 52% da necessidade na tarde desta quarta-feira, quando 19 gestantes ocupavam macas até mesmo nos boxes da unidade. O número de partos normais quase dobrou de outubro, quando a Casa de Saúde ainda absorvia parte do atendimento, para novembro do ano passado (veja os números abaixo). Em dezembro o número de partos por mês foi o dobro da média de 2017, que foi de 69. 

Sem trégua na sala de espera da UPA e do PA

De acordo com o Chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico e Diretor Técnico substituto do Husm, Itamar Riesgo, os profissionais estão usando macas emprestadas do bloco cirúrgico para acomodar as pacientes. A unidade conta com dois médicos 24 horas por dia e 19 médicos residentes. Segundo ele, a superlotação coloca em risco a segurança das mães e dos bebês, uma vez que a equipe trabalha com material improvisado e dificuldade de supervisionar os partos.

A mesma equipe também se reveza para atender o setor de urgência e emergência de Centro Obstétrico, que trabalha com um fluxo de 800 atendimentos por mês. Num cenário ideal, o setor deveria acompanhar grávidas de alto risco, mas acabam chegando pacientes com quadros menos graves:

- Como a unidade trabalha com portas abertas, ou seja, não há triagem, como acontece no Pronto Socorro, que segue um protocolo, acabamos recebendo muito mais pacientes. Além disso muitas chegam sem encaminhamento de outras unidades. O governo do Estado e a direção da Casa de Saúde havia comunicado que teríamos esta demanda extra, mas que seria questão de dias até retomarem os atendimentos, conta Riesgo.

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Eliane Laguna, 36 anos, era uma das mães que aguardava atendimento no subsolo. Encaminhada pelo Posto de Saúde de São Vicente do Sul por perda excessiva de líquido, se dizia tranquila, mesmo com a grande movimentação que observava nos corredores:

- É a primeira vez que venho aqui. Falaram que aqui é bom, que se der algum problema comigo ou com a criança, é mais fácil dar atendimento aqui.

Já Tatiana Fernandes Flores de Lima, 24 anos, frequentava o Husm pela terceira vez, agora na reta final da gravidez. Com 41 semanas de gestação, no final da tarde de ontem, a jovem aguardava mais sinais da vinda de Taila desde o meio-dia e demonstra que o esforço da equipe não transpareceu a situação da superlotação:

- As cadeiras não são muito confortáveis, mas estão me atendendo bem, relatou.

A maternidade da Casa de Saúde está fechada desde o dia 1º de novembro em função dos salários atrasados, e não tem previsão para a reabertura. Segundo os gestores, os médicos só voltam a trabalhar quando o Estado firmar novo contrato com o hospital.

DEMANDA

Confira o número de partos normais realizados no Centro Obstétrico do Husm nos últimos três meses de 2017: 

Outubro* 

  • Total - 78

*Quando a maternidade da Casa de Saúde ainda estava de portas abertas

Novembro

  • Total - 133

Dezembro

  • Total - 156

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